segunda-feira, 12 de junho de 2017

Nichiren Menino - 4



(Plena Atenções de um Pequeno Pescador)


Ele era uma agradável criança, passou a primeira infância com os pais, naquela minúscula colônia de pescadores em contato com a natureza. Da mãe herdou a ternura para com os seres vivos. Do pai, a bondade búdica e o respeito para com todos, até para com os espíritos, os devas. Bondade e ternura, bem podem ser sinônimos, assim, o menino se criou.

Bem próximo, na aldeia, havia o templo Kyosumi, dedicado ao Bodhisatva Kokuzo, em sânscrito Akasagarbha, e assim, diariamente, pela manhã e à noite, a família orava em frente ao pequeno oratório na humilde casa o tradicional “Namu Bossatsu (bodhisatva em japonês) Kokuzo (eu me refugio no Buda Kokuzo)”. E, de fato, como vamos ver o Bodhisatva Kokuzo o acolheu e o amparou em seu templo.

O menino nasceu em 16 de fevereiro de 1222, e recebeu o nome de Zennitimaru. A primeira sílaba de seu era Zen, era meditação, era caminho, era prática de louvor e dedicação ao Buddha. Seu pai chamava-se Nukina e sua mãe Umeguiku.

Mas, quis o destino que aos 11 anos ele ficasse órfão de pai e mãe. O Bodhisatva Kokuzo cumpriu a promessa, e o menino foi adotado pelo templo local, que pertencia ao ramo esotérico Sanmon, da linhagem Tendai. O abade deste templo chama-se Venerável Douzen que se tornou então uma espécie de pai, mestre, professor e preceptor. Zennitimimaru começa com Zen, seu patriarca terminava com Zen, Douzen – o caminho da meditação.

Zennitimaru conhecia o abade desde a mais tenra infância, admirava-o e reverenciava-o como grande sacerdote, deste modo não foi difícil transferir a figura masculina para o novo “pai”.

Logo no segundo dia que começou a morar em Kyosumi, o mestre Douzen dirigiu-se ao novo discípulo, logo após a liturgia matinal.

- Zennitimaru, todo dia nós vamos estudar um ponto, uma lição desse nosso bonito caminho que nos levará à Terra Pura do Senhor Buddha, certo?

- Sim mestre, meus pais sempre diziam que no dia que eles passassem para a outra dimensão, o Buddha Kokuzo estaria comigo o tempo inteiro.

- Estaria não, Ele está conosco, eternamente, pois ele é uma emanação do Buddha eterno, o Senhor Adhi-Buddha, o Buddha Primordial, criador dos céus e da terra.

- Meus pais diziam também que logo eu viria para cá, estudar a santa doutrina da iluminação.

- Pois é Zennitimaru, então chegou a hora. Você pode e deve brincar, mas temos muito o que aprender. Nossa escola esotérica Sanmon se caracteriza pela investigação de todas as linhagens, de todos os ensinamentos do nosso querido Mestre Buddha. Sinta-se alegre, contente e feliz, você agora é um noviço. Seus pais, de onde estão, também estão alegres, contentes e felizes sabendo que o filho agora é um noviço do Buda Kokuzo.

- Namo Buddha Kokuzo ! – repetiu o menino com devoção.

- Isso mesmo, repita sempre, recite com fé ao longo do dia e da noite, mesmo dormindo, sonhando, cante este santo dharani (proteção).

terça-feira, 6 de junho de 2017

Narrativas Nichiren

Plena Atenções do Pequeno Pescador Nichiren, Zen Itimaro – 3

Antonio  Carlos Rocha

- Oi Zen, estou voltando agora da cidade, as autoridades concederam ao nosso Templo a sua guarda e educação. E eu sou o seu tutor. Vamos cuidar de você, para que sejas um bom budista.

- Obrigado Mestre ! Quando começam as nossas aulas.

- Agora ! Temos muito o que estudar. E te ensinando eu acabo aprendendo mais ainda.

Professor e aluno sentaram-se diante da imagem de Buda. O mais velho disse:

- Sabe Zen, a primeira aula de um budista é saber da Lei que rege a Natureza. Uns chamam de Lei de Causa e Efeito, outros de Lei do Retorno. Eu prefiro vê-la como um reflexo da Lei da Gravidade. Esta foi uma das grandes iluminações que o Senhor Buddha nos revelou.

- Vagamente já ouvi falar em carma.

- Isso mesmo, a palavra karma vem do sânscrito e significa ação. Quer dizer: tudo o que falamos, pensamos, agimos, o resultado volta para nós. É algo matemático, não tem escapatória.

- Mas podemos suavizá-la um pouco?

- Um pouco sim, através de preces, uma conduta ética e praticarmos bastante caridade, que nosso Mestre Buddha chamava de “dana” em língua páli, que era a língua que ele falava lá no norte da Índia, há muitos e muitos séculos, antes de Cristo.

- Quem foi Cristo?

- Foi um grande ser búdico. Em outra oportunidade eu falo mais dele. Aqui em nossa Terra já existem missionários que tratam da mensagem dele. Mas por hoje já estamos bem de aula, agora ajude um pouco os outros monges na cozinha lavando a louça. É uma grade prática meditativa lavar a louça.