quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Reflexões sobre Arte




Processo criativo
                                                                          
                                                           Martha Pires Ferreira*


          Todo ser humano é potencialmente um criador. A criatividade é essencial à natureza humana, à expansão da personalidade.
          O processo criativo se dá por conexões; impulsos internos e desejos de expressão interagem intuitivamente com o mínimo da interferência lógica, racional. Assim, penso, deveria ser. Para outros, ocorre o inverso, é o domínio da racionalidade com um quantum de impulso instintivo.
          O anseio imagístico procura dar forma, ao se deixar revelar, desvelar o que antes era invisível ao conhecimento. É o novo que brota genuíno e real. Arte é descobrir, é tornar visível o que não existia. Não se cogita beleza estética, e sim dar origem a. Os caminhos são complexos e, por vezes, paradoxais. A apreensão sensível de conteúdos expressivos nas artes plásticas, musical ou poética são experiências efetivas e diretas da sensibilidade criadora de cada pessoa, individualmente. A obra de arte não se limita ao objeto em si, é mais que representação pictórica.
          Criatividade é processo inesgotável. As mãos engendram quase por magia; nas atividades plásticas desde o artesão das cavernas, passando por toda a história da arte antiga, clássica e moderna com Cézanne, Matisse, Picasso, Paul Klee ou à sofisticada cognição intelectual interagindo simultânea, sensitivo e emocional, nas obras de artistas contemporâneo ou não, brasileiros, como Lygia Clark, Tunga, Beatriz Milhazes, Marília Kranz, Teresa Miranda, Antônio Dias ou Cildo Meireles. Citando estes apenas. Os olhos, um telescópio; constata e contempla a obra realizada, indo além, num mergulho misterioso. A criatividade é a mola impulsionadora da essência da vida. A obra acabada, é quem fala, se faz real e presente. É mais que um objeto.
          No meu caso pessoal, desenhar é um ato de liberdade que se faz incontinenti. É deixar mostrar o latente, revelação, espanto intelectual e emocional obedecendo ao que a intuição determina. Deixar o imprevisível acontecer, descobrir, tocando o abissal. A sensibilidade é o tom que contribui para a criação pictórica se tornar manifesta. O artista é, apenas, um instrumento ativo no processo.
          Enlouquecida, aprendi com Hokusai (1760 – 1849) que no exercício de desenhar, no penetrar na essência de todas as coisas manifestas, pode-se chegar a um nível de consciência, de saber, mais elevado, impensável, onde tudo vive; cada ponto, gesto, linha, cor. Arte é celebração. O que a imaginação apreende como fogo criador, sopro e beleza, é verdade, é espiritualidade. Além disso, nada sei.

(*) Artista Plástica. 

- Gratidão por ter autorizado a publicação.


http://cadernoaquariano.blogspot.com



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