domingo, 12 de junho de 2011

Uma Vaca no Restaurante

Belo dia, Estrovêncio e Estrovência (nomes fictícios) começaram a namorar e depois casaram. Gostavam de freqüentar bons restaurantes.  Até que, certa feita, Estrovência começou a desenvolver uma curiosa forma de mediunidade.

Ela passou a incorporar o espírito de uma vaca. Sim, isso mesmo. Não vai aqui nenhum desdouro ao sexo feminino, até porque, na Índia a vaca é sagrada, então lá é um elogio e não um desaforo, chamar a mulher de vaca, da mesma forma que no Brasil chamamos as mulheres queridas de gata, gatinha, gatona etc.

O espírito da vaca se chama Briosa e, cada vez mais, a esposa de Estrovêncio ora se comportava como Estrovência e ora como Briosa.

Para completar a lenha na fogueira, Briosa começou a influenciar Estrovência para se tornar vegetariana e, condoída com o destino de suas irmãs - o frigorífico – Estrovência passou a mugir igual a Briosa. Era só não gostar de algo que Estrovência entoava o tal MMMOOOOOOMMMM ! ! !

Era assim, alto e bom som, em qualquer lugar.

Mas como o casalinho (como dizem os portugueses) se amava muito, foram comemorar o Dia dos Namorados em um restaurante de gente chique.

Sentaram-se felizes à mesa e eis que:

- Ai Estrô (só para os íntimos) estou sentindo aquelas sensações estranhas da mediunidade...

- Ah ! não Vência (idem), logo hoje, no nosso dia...

- Tô sentindo que a Briosa quer passar uma mensagem vegetariana para os freqüentadores desse lugar aqui.

- Pelo amor de Deus, Vência, aqui só tem gente chique, colunável... já pensou o vexame...

- Ninguém tem nada a ver com a minha vida e nem com a minha religião...

Nisso, Estrovência começa a se balançar e acontece a incorporação. Dando o ar de sua graça, Briosa entoa um MMMOOOOMMM bem baixinho e o rapaz cochicha:

- Deus te salve, Bri-Bri (idem, idem), mas não dá para ser outra hora não, lá em casa, em outro lugar pôxa !?

 - É seu carnívoro, boicida, vaquicida, tourocida? Os espíritos dos demais bois e vacas aqui presentes querem fazer uma manifestação à altura deste genocídio, digo gadocídio.

Então aparece o garson e, cortesmente pergunta:

- Madame, a senhora prefere algum prato especial?

Despistando, Briosa, digo Estrovência interfere e diz, polidamente:

- Uma salada bem levinha, por favor.

Ocorre então algo inesperado. A mediunidade do rapaz manifesta-se pela primeira vez, e ele incorpora um espírito do reino vegetal:

- É ? Suas vegetocidas, couvecidas, fruticidas, vocês pensam que nós não sentimos dor, quando vocês nos arrancam lá da horta ou do pomar?

O garson volta sorridente com a bonita salada. O espírito de um Abacaxi que atuava no jovem afirma:

- Desculpe amigo, mudamos de idéia, hoje vamos fazer jejum, só água mineral sem gás, por gentileza.

Então o garson, que também era médium, incorpora o Espírito da Água Doce:

- Olhaí oh!, eu sou de Água Doce, mas posso muito bem falar com os meus amigos salgados e provocarmos um tsunami hem?

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