quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Linguística no Astral

Ontem à noite, na sessão espírita costumeira, tivemos a honrosa visita de dois grandes e esclarecidos espíritos: Ferdinand de Sausurre (1857-1913), conhecido como o pai da Lingüística Moderna e Pânini (520-460 antes da Era Comum), o mitológico gramático lá da Índia.

Sorridentes e felizes estão adorando esse qüiproquó que andam fazendo no Brasil a partir de um livro didático distribuído pelo MEC. Foi uma noite rara, onde conversamos com dois amigos e irmãos espirituais: um lingüista e um gramático.

Como antiguidade é posto, primeiro ouvimos o mestre Pânini: “o que os irmãos brasileiros não estão entendendo, é que aquelas louçanias da linguagem, típicas de um Coelho Neto, Olavo Bilac e outros que tais, não existem mais, simplesmente porque este Brasil não existe mais, está acabando, está mudando, está dissolvendo-se, pois tudo o que é sólido desmancha no ar e a língua não é sólida e mesmo que fosse, meus colaboramores”.

“Meu contemporâneo e conterrâneo, mestre Sidarta Gautama, o Buda” – continuou Pânini -, “certa feita declarou que tudo muda e é preciso olharmos as coisas como elas são, logo as mudanças existem. Para o bem ou para o mal é outra coisa, como antigamente vocês falavam aí, são outros quinhentos. E a língua e a grafia vão acompanhar essas mudanças, para o bem ou para o mal, de forma construtiva ou destrutiva, quem decide é o povo, por ser maioria”.

 “Está nascendo um novo Brasil meus irmãos – disse o espírito Saussurre – e eu vejo nessa arte de falar e grafar “errado” uma certa ideologia, uma certa luta de classes. Já que não nos permitem há 511 saborear as belezas dessa nação, vamos fazer uma danação a começar pelo idioma. Antevejo outros brasis e não só o atual.

“Na minha qualidade de vidente – continuou o filósofo suíço -, a persistirem estes sintomas, como dizem os reclamos da publicidade, teremos em futuro não muito distante, o início de duas línguas, quiçá mais, em vosso país. A língua dos ricos, mais para o quinhentismo Camoniano, Eça de Queiroz e outros galardoados; e a língua do povão, da massa mais para a anarquia lingüística modernista-antropofágica. Breve as classes sociais estarão falando os seus idioletos e iremos todos nos entender através da telepatia. O que vai ser um maná para os pesquisadores”.

Não crucifiquem o ministro da Educação, nem os autores da referida obra, nem os professores, nem os alunos - disseram os dois doutos irmãos – sinal dos tempos, queridos !

Oremos.


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